Grupos dos Independentes


O Grupo de independentes foi assim chamado por se ter criado um grupo de psicanalistas que se distanciaram de Mélanie Klein (1882- 1960) e de Sigmund Freud (1856 - 1939). Nesse grupo, constam Donald Woods Winnicott (1896 -1971), Ronald Fairbain (1889 – 1964), Jonh Bowlby (1907 – 1990), Michael Balint (1896 – 1970) entre outros.

Hanns Sachs (1881 - 1947)


Hanns Sachs, psicanalista americano, nasceu em 1881 em Viena, Áustria. Era um judeu opulento desejava ter sido escritor.  Era filho de um jurista de renome em Viena, seguiu a profissão do pai, mas cedo se interessou pela psicanalise, em especial após a leitura “A Interpretação dos Sonhos” (1900).

Em 1909 aderiu à Sociedade das Quartas-Feiras e tornou-se discípulo ortodoxo de Sigmund Freud. Foi membro do comité secreto e foi fundador com Otto Rank da revista Imago. Hanns Sachs foi um dos psicanalistas mais apreciados da primeira geração freudiana. Sedutor decidiu manter-se fiel a um primeiro casamento. Instalou-se em Berlim , em 1920, e formou um numero considerável de psicanalistas no Berlinder Psychoanalytisches Intituto (BPI). Antes da regulamentação da análise didática, em viajando com estes. 12 anos depois, em 1932, Hanns Sachs foi convidado pela Boston Psychoanalytic Society (BOPS) para formar psicanalistas. Faleceu em 1947, aos 66 anos.

Obras que mais se destacam:  Metapsicologia - Pontos de vista na técnica e na teoria, 1925, O Inconsciente Criativo, Estudos na Psicanalise de Arte, 1942,  A historia da psicanalise através dos seus pioneiros, 1966, O Circulo Secreto, 1991

Vitor Tausk (1879 - 1919)


Vitor Tausk nasceu em 1870 no seio de uma família judia de língua alemã. Foi advogado, psiquiatra e psicanalista austríaco. Sigmund Freud (1856 – 1939) colocou-lhe a alcunha de “animal predador”. Faleceu em 1910. Iniciou os estudos em medicina aos 29 anos, em 1908, sendo estes parcialmente financiados pela Sociedade das quartas-feiras. Tornou-se um dos mais brilhantes da sua geração.

Combateu na Guerra mundial na frente servia e quando voltou para Viena, teve múltiplas relações amorosas que terminavam com rupturas violentas que o tornava cada vez mais infeliz. Fez análise com Helene Deutsch (1884 – 1982). A análise de Vitor Tausk terminou cedo por criar confusões transferências e contra-transferênciais, por ter sido um fiasco. Nesse mesmo ano, 1919, Tausk suicidou-se por estrangulamento e um tiro na cabeça. Escreveu um texto interessante para todos “ Da génese do Aparelho de influenciar na evolução da esquizofrenia”.

Obras que mais se destacam: obras psicanalíticas, Paris, 1975

Max Graf (1837 - 1958)


Max Graf nasceu em 1837 e foi um musicólogo austríaco. Foi o pai de Herbert Graf – O pequeno Hans – um dos casos clínicos conhecidos de Sigmund Freud (1856 – 1939). De Viena, Max Graf provem de uma família judia originária da Galicia. Foi filho de um jornalista terminou os estudos de direito e música em 1989. Nesse mesmo ano casou com uma jovem atriz de seu nome Olga König e teve dois filhos: Herbert Graf ( O pequeno Hans) e Hanna Graf nascida três anos mais tarde. A sua última filha suicidou-se nos Estados Unidos, durante a sua vida adulta. Max conhecera Sigmund Freud através da sua esposa que tinha recebido tratamento com este a propósito da sua neurose. E terá sido este contacto que levou Sigmund Freud ao tratamento do pequeno Hans através do seu pai, que redigiu em 1908.
Em 1902, Sigmund Freud propôs a Max Graf que participasse na Sociedade das Quartas-Feiras e este aceitou, assistindo às mesmas regularmente.

Jean Bergeret (1923 - )


Jean Bergeret foi médico e psicanalista francês. Nasceu em 1923. Emigrou para Marrocos onde iniciou psicanalise com aquele que foi posteriormente seu psicanalista – Henri Foissin, especialista em Rorschach, no instituto de psicanalise em Casablanca. Foi aluno de Didier Anzieu (1923 – 1999), em 1957, funda com Charles Nodet, J. Cosnier o Grupo de Psicanalise de Lyon. Efetuou uma segunda Analise em Paris com Jean Favreau. Interessou-se pela toxicomania e pela violência. Em 1974 tornou-se professor na Universidade de Lyon, 2, e fundou um ano mais tarde o Centro Nacional de Documentação sobre toxicomanias. E entre 1999 e 2002 foi Membro da Comissão de Investigação da Associação Internacional.

Das suas inúmeras obras, destacam-se: A Personalidade Normal e Patológica, 1974, A Depressão e Os Estados-Limite, 1975, Toxicomania e a Personalidade, 1968, A Violência Fundamental, 1984, A Cura Psicanalitica sobre o Diva, 1998 (J. Bergeret et Cols.), O Erotismo Narcisico, 1999 (J. Bergeret e Cols.), Freud e a Violência e a Depressão, 1995, A sexualidade Infantil e os Seu Mitos, 2001 (J. Bergeret e M. Houser)

Hanna Maria Segal (1918 - 2011)


Hanna Maria Segal, médica e psicanalista nasceu em Lodz, na Alemanha em 1918. Fugiu da Alemanha e emigrou para Inglaterra. Terminou os seus estudos de medicina, em Edimburgo e iniciou os de psicanalise. Fez analise com  Melanie Klein (1882 -1960). Casou com o matemático  Paul Segal,quando tinha 28 anos e teve três filhos: Michael, Dan e Gabriel. Aos 32 anos já era psicanalista didata. Hanna Segal dedicou cerca de 60 anos a traduzir as obras de Mélanie Klein e consta que esta ultima não teria tanto sucesso se não fosse a sua mais fiel seguidora. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanalise e vice- presidente da Associação Internacional de Psicanalise. Foi nomeada em 1987 pelo Memorial de Sigmund Freud para Chair da Universidade de Londres – UCL – em 1987. Dos seus trabalhos, destacam-se aqueles dedicados à compreensão da simbolização e da fantasia. Também a notar a identificação de duas formas de simbolização: equação simbólica e representação simbólica. Na equação simbólica, o objeto original está confundido com o símbolo, distanciando-se assim o sujeito da realidade. Na representação simbólica, na aproximação do sujeito à realidade, o objeto original é impercetível pela força do objeto – símbolo, substituto do primeiro contudo singular o suficiente para ser único.

 Dos seus trabalhos mais importantes e conhecidos mundialmente está o artigo “Notes on Symbol Formation” do International Journal of Psychoanalysis, 38 (1957), 391–405.

Hanna Segal é considerada uma das mais importantes psicanalistas contemporâneas, interessando-se pelas formas mais graves de psicopatologia.

Doas seus a trabalhos, destacamos: Introdução ao Trabalho de Melanie Klein, 1964, Klein, 1979, Melanie Melanie Klein, 1979, Psicanalise Clinica, 2004, Sonho, Fantasia e Arte,1993, Deliro e Criatividade, 1986 com Annik Comby.

Robert Fliess (1895 - 1970)


Robert Fliess, nasceu em 1985, foi filho de Wilhelm Fliess (1858 - 1928)  amigo intimo de Sigmund Freud e Ida Bondy, uma ex-paciente de Josef Breuer.  Proveniente do meio psicanalítico, estudou medicina e foi analisado em Berlim por  Karl Abraham (1877-1925), na Sociedade de Psicanalise de Berlim. Emigrou para os Estados Unidos como tantos outros colegas psicanalistas. Trabalhou como médico e como psicanalista ao mesmo tempo. Nos Estados Unidos fez uma segunda analise com Ruth Mack Brunswick . Da sua clinica, destaca-se o rebuscar da Teoria de Sedução de Sigmund Freud (1856 – 1939) para sublinhar  que os neuróticos graves tinham na infância sido sujeitos a violência de caracter sexual e criado traumas reais importantes. Faleceu aos  85 anos, em 1970.

Das suas obras destacam-se: O Símbolo, o Sonho e as Psicoses, 1973, O Real Escamoteado, 1984

Otto Rank (1884 - 1939)


Otto Rank, Psicanalista, nasceu em 1884, dois anos depois que Melanie Klein (1882 – 1960) em Leopoldstadt, nos subúrbios de Viena, na Áustria. Otto Rank não teve uma infância feliz e aos 14 anos teve que desistir dos estudos para ir trabalhar como mecânico. Sofreu com fobias e um medo patológico de micróbios e das relações sexuais. Mudou de sobrenome, substituindo o nome que provinha do pai – Rosenfeld – para Rank, para se distanciar-se desse. Foi autodidata e um dos discípulos favoritos de Sigmund Freud (1839- 1956). Este facilitou-lhe o caminho para a Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras, o início da Sociedade Psicanalítica de Viena. Foi secretário desta em 1906, aos 22 anos e fazia as atas das reuniões da sociedade sendo o primeiro arquivista em psicanalise. Aos 24 anos publicou o seu primeiro livro “O Mito do Nascimento do Heroi” e aos 28 anos já tinha publicado mais três, sendo os seus temas:  a literatura, os mitos e o incesto. Entrou para a faculdade e em 1912 obteve o doutoramento em Filosofia. Praticante de Analise leiga, foi um dos principais pilares para os conflitos dentro da psicanalise. Por essa razão, afastou-se de Sigmund Freud. Tambem começou a interessar-se pela relação materna, colocando de lado a importância ao édipo e ao pai. Em 1942, publicou uma obra de grande destaque “ O Traumatismo do Nascimento”. Neste seu trabalho defendeu que todo o ser humano que nasce sofre um traumatismo do qual procura recuperar sem no entanto querer voltar ao útero materno. Era definido o protótipo da angústia psíquica.  Algumas semanas depois de Sigmund Freud falecer, Otto Rank, apanha uma septicémia e morre igualmente, aos 47 anos, em 1939.

Das suas obras destacamos: Estudos Psicanalíticos, 1924/1932/1973, Otto Rank e Hanns Sachs, Psicanalise e Ciências Humanas, 1913/1980, Otto Rank e Sandor Ferenczi, Perspetivas da Psicanalise, 1924/1994, A Técnica da Psicanalise, 1926, Os Primeiros Psicanalistas – Minutos da Sociedade Psicanalítica de Viena, 1906-1918, 4 Volumes, 1962-1975

Herbert Rosenfeld (1910 - 1986)


Herbert Rosenfeld nasceu na Alemanha, no seio de uma família judia, em 1909. Estudou medicina e depois psiquiatria e depois enveredou pela psicanalise. Emigrou para Inglaterra em 1935, aos 26 anos e integrou a British Psychoanalytical Society, (BPS). Foi um dos grande estudiosos e discípulos de Melanie Klein (1882 – 1960) de igual forma como Hanna Segal (1918- 2011) e Wilfred Ruprecht Bion (1897 - 1979).
 Os seus trabalhos destacam-se aqueles sobre a transferência e o tratamento de psicoses e estados-limite ou descrições exaustivas sobre o uso e a natureza da Identificação projetiva. Faleceu em 1986, aos 77 anos.

Dos seus trabalhos mais importantes, destacam-se as obras: Os Estados Psicóticos, 1965, O Impasse e a Interpretação, 1987 (1990)

Daniel Paul Schreber (1842 - 1911)


Daniel Paul Schreber foi um dos pacientes de Sigmund Freud (1856-1939). Ficou conhecido pelo sofrimento que o assolou até à morte: uma psicose paranoide com delírios e alucinações muito graves. Nasceu em Julho de 1842, pertencia a uma família ilustre da burguesia protestante alemã  rígida de juristas, médicos e pedagogos. Aos 42 anos, Daniel Schreber, já era um jurista reputado e presidente do Supremo Tribunal da Saxónia. Nessa altura começou a dar sinais de distúrbios mentais. Depois de várias recaídas e internamentos, Paul Schreber redigiu as suas memórias – “Memórias de um Doente dos Nervos” – 1903 que o ajudou a recuperar. Contudo, a loucura fez parte da vida deste jurista e aos 68 anos, em Abril, de 1910 faleceu no manicómio de Leipzig.
Das memórias da sua vida, descrevem-se sofrimentos extremos, delírios vivenciados como realidade agudizante tais como o de ter vivido sem estomago e sem vesicula, tendo comido a laringe. Sigmund Freud, publicou a sua história e em especial o sofrimento de um homem que vive num neo-realidade de sofrimentos reais, em 1911, sob o titulo “O Caso Schreber”.

Joan Riviere (1883 - 1962)


Joan Riviere foi uma psicanalista inglesa que nasceu em 1883. Pertencia à grande burguesia intelectual inglesa. Depois de vários internamentos, fez um tratamento psicanalítico com Ernest Jones (1878 – 1958) e depois com Sigmund Freud (1856 -1939).
Participou na fundação da British Psychoanalytical Society (BPS) e foi inicialmente partidária de Mélanie Klein  sem ser fanática. Escreveu centenas de artigos que resultaram da sua experiência como clinica. Faleceu em 1962.

Jacob Levy Moreno (1889 - 1974)

Jacob Levy Moreno foi  um psiquiatra americano que ficou conhecido pela criação do Psicodrama. Nasceu em 1889, em Bucareste, no seio de uma família judia sefardita. Viveu em Viena, Áustria - por volta de 1896 - e em 1904 estabeleceu-se em Berlim. Moreno estudou medicina e depois psiquiatria sobre a direção de Otto Potzl – interessado em filosofia e teatro. Fundou o primeiro teatro de terapia psicodramática. Ficou conhecido pelo psicodrama que é de sua autoria e pela sociometria.

No final da sua vida, em 1974, com 85 anos, Jacob Moreno encenou a sua própria morte segundo os princípios do psicodrama: deixou de comer, só falava alemão e recebeu os seus entes queridos e fieis seguidores de todo o mundo.

Obras que mais se destacam: Fundamentos da sociometria, 1934, Psicoterapias de grupo e psicodrama,1975

John Bowlby ( 1907 - 1990)


John Bowlby foi um médico psiquiatra e psicanalista inglês que marcou uma época na famosa Clinica Tavistock. Os seus trabalhos em psicanalise ficaram conhecidos pelo estudo da relação mãe- bebé. Nasceu em 1907 no seio de uma família da alta burguesia, estudou psicologia e ciências naturais em Cambridge. Foi Professor e depois voltou à universidade para tirar a licenciatura em medicina. Foi analisado por Joan Riviere (1883 - 1962.) e fez supervisão dos casos clínicos com Nina Searl e Mélanie Klein (1882-1960). Opôs-se à perspetiva puramente psíquica da escola kleiniana, defendendo as influências do meio ambiente no desenvolvimento da criança. John Bowlby atribuía uma importância fulcral à realidade social e à educação no psíquico de uma criança.

Obras que mais se destacam: Cuidados Maternos e Saúde Mental, 1951, Apego e Perda: Apego, Perda e Separação – 3 volumes – 1969, 1973,1980.

Gregory Bateson ( 1904 - 1980)

Gregory Bateson, foi um antropólogo americano nascido em inglaterra que ficou conhecido em psicologia clínica, pela criação do conceito grande importância na compreensão da esquizofrenia ou do enlouquecimento: Double Bind. Gregory Bateson, nasceu em 1904, em Cambridge mas foi depois de emigrar para os Estados Unidos – Califórnia – que ficou conhecido, através dos seus estudos no Hospital para Veteranos em Palo Alto.

Na perspetiva da Escola de Palo Alto, a esquizofrenia era o resultado de uma relação precoce controversa, em especial na comunicação, entre a criança e a mãe.